Tours de Césio – Fukushima um Ano Depois

Fukushima Zona Radioativa

Apos o Grande Terremoto no Oeste Japonês em Março de 2011, o governo japonês estabeleceu uma zona de evacuação ao redor dos reatores danificados de Fukushima Daichii.

Tours de Césio é um estudo visual das áreas, radioativas e abandonadas, próximas à usina nuclear um ano apos a tragédia e o derretimento nuclear.

As imagens exibidas foram tiradas em varias localidades dentro do raio de 22 e 16 quilômetros do reator danificado. Acesso além do raio de 20 quilômetros e dentro deste perímetro é proibido pelo governo japonês e invasões são consideradas crime.

Protestas dos Residentes – Fukushima Um Ano Depois

Aos os habitantes do distrito de Tsushima: Esta é uma mensagem da cidade de Namiecho. Estamos procurando turistas que queiram participar do nosso tour radioativo! Grátis para os 100 primeiros inscritos!”   –   TEPCO Associação de Turismo de Césio.

(Sarcasmo é uma forma de protesto raramente utilizada no Japão. Protestos propriamente ditos são raros. Frustração com TEPCO e com o governo japonês forçou famílias a quebrarem com tradições sociais e expressar a raiva através de mensagens deixadas nas janelas de suas casas abandonadas).

O Terremoto e o Tsunami – Fukushima Um Ano Depois

Apesar de muitas áreas agora estarem livres do entulho, ainda ha ampla evidencia da violenta culminação dos eventos e das interrupções de vidas.

Uma grossa camada de areia e sedimentos cobre as áreas devastadas. Em algumas partes o odor a peixes decompostos ainda é forte.

Nas áreas contaminadas pela radiação de Fukushima Daichii há, comparativamente, poucos danos físicos. Edifícios ainda estão de pé, porem, radioativos, são realmente somente entulho. Radiação é invisível e inodora.

Ao invés de violentamente interrompidas, as vidas humanas – e somente humanas – sentem-se repentinamente como se tivessem sido removidas durante a realização de algo extraordinário. As habitações não serão retomadas, mas um sentimento permanece, como se milhares de ações ordinárias estão prontas para, de repente, serem retomadas.

Segunda Evacuação  – Fukushima Um Ano Depois

Na parte leste do município de Fukushima, escolas foram utilizadas como centros de evacuação. Alguns familiares deixaram mensagens para seus parentes, e avisos públicos afixados às portas:

” …médicos e enfermeiras: Por favor, contatar a administração imediatamente. É possível obter leite em pó, água quente e fraldas descartáveis para adultos na enfermaria”.

“…Para Tokiwa: se você estiver bem, por favor me contatar imediatamente. Nossa família está toda à salvo, estamos em no Colégio ginasial Tsushima…Para Kanae: Por favor, permaneça aqui, Akari”.

Dois dias após o Tsunami, o vazamento radioativo de Fukushima Daichii forçou a realocação dos centros de evacuação:  “…Para Hisao Muto: Por favor, me contate, teu filho…Para Tsuneyoshi, Miyuki, sua filha está bem”. 

Solo Radioativo – Fukushima Um Ano Depois

Um ano após os primeiros vazamentos radioativos, pátios escolares nas cidades evacuadas são utilizados como bases de coleta de solo contaminado. O governo japonês tem a pretensão de utilizar as escolas novamente e contrata empreiteiros privados para descontaminar-las . Sr. Onada, um ex residente de Futaba, comenta: “Isso nada mais é do que um ato simbólico. O governo tem que mostrar que realizou os melhores esforços antes de admitir derrota e fechar as áreas para sempre”.

A partir de 2012, estações de medição de radiação foram instaladas nestas áreas. As leituras variam amplamente. Esta escola em Namie registrou 0.18 micro sieverts na parte nordeste e 5.4 micro sieverts na parte sudeste

O governo japonês decretou uma evacuação obrigatória num raio de 20 Km ao redor de Fukushima Daiichi. Um raio adicional de 10 Km considerado como área de evacuação voluntaria. Acesso é estritamente controlado e usualmente negado à todos, com exceção de ex moradores. Bloqueios nas estradas e presença da policia é abundante. Muitas animais de estimação estão abandonados. Os afortunados estão presos à sua casa com uma corrente, para não escaparem, com rações semanais de água e comida, deixadas de tempos em tempos.

As zonas obrigatórias e voluntárias não estão determinadas coerentemente segundo os níveis de radiação. Isto poderá ser revisto em Março de 2012. Algumas cidades com níveis baixos, obtiveram mandados de evacuação obrigatória, enquanto que outras com níveis até 10.0 micro sieverts p/hora declaradas como zonas de evacuação facultativa.

“Aos moradores do Distrito Tsushima: Esta mensagem da prefeitura de Namiecho (secretaria de contramedidas para Desastres). Estamos preocupados com a dispersão de substancias radioativas devido ao desastre em Fukushima Daichii. Por favor, evacuar a cidade o quanto antes.  Decidimos estabelecer uma prefeitura temporárias no 2o. andar do escritório da filial Towa da prefeitura de Nihonmatsu. Se você procura saber para onde pode evacuar ou busca informações de segurança, por favor realizar contato através do número de telefone abaixo (0243462111).”

 Minamisoma – Fukushima Um Ano Depois

A cidade de Minamisoma possuía mais de 70.000 habitantes antes do desastre. Aproximadamente 1.500 morreram no tsunami. Devido ao potencial acidente nuclear 2/3 dos residentes foram evacuados.

Minamisoma foi cortada pelas duas zonas de evacuação, a de 30 Km e a de 20 Km. Uma grande área destruída pelo tsunami em Minamisoma, esta localizada dentro destes raios de evacuação. Passado um ano apos o desastre, muito do entulho já foi limpo, mas ainda nada foi reconstruído, deixando a região como uma terra de ninguém, região desolada.

Apesar da entrada ser tecnicamente ilegal, o raio de 20 Km em Minamisoma é permeável e, entrar sob o manto da escuridão é relativamente fácil . “O governo nos diz que poderemos voltar às nossas casas, então não faz sentido manter as zonas de evacuação fechadas. Eles às fecharam, não por causa da radiação, mas porque havia muitos roubos. A noite você via sombras, como baratas saindo e invadindo as ruas, e de manhã, muitas coisas estavam faltando”, Sra. Hoshi, ex moradora de Minamisoma.

Nas áreas não habitadas de Minamisoma, é raro ver mulheres e crianças, já que a maioria deixou a região para abrigar-se em partes mais seguras. Trabalhadores voluntários, jornalista e, funcionários da TEPCO, preenchem os hotéis da cidade e os bares locais para beber e cantar karaokê. Alguns quilômetros de distância, dentro do raio de 20 quilômetros, objetos pessoais cobrem os pisos de casas destruídas. “Quando uma casa devastada ainda esta de pé [ao contrário de ter sido demolida pelas equipes de demolição do governo] muitas vezes é devido ao fato que seu proprietário faleceu, e a partilha ainda não foi resolvida”, Sr. K. Takahashi, morador de Minamisoma.

Cidades Abandonadas – Fukushima Um Ano Depois

Mais ao sul de Minamisoma, as cidades de Namie e Futaba estão sob ordens de evacuação obrigatória. Nas partes não atingidas pelo tsunami, o estrago é comparativamente leve, e, sem um ponto de referência, parecem edifícios destruídos, um vazio surreal. A maioria dos residentes ocasionalmente volta a sua casa para recolher pertences pessoais. Durante os primeiros meses muitas casa foram deixadas sem trancar, mas depois da ocorrência de muitos furtos, agora é raro encontrar uma porta aberta.

“Eu sei que parece horrível dizer isso, mas de uma maneira equivocada, a única coisa que TEPCO fez, foi acelerar o que já acontecia. Somos uma sociedade de idosos e, muitos dos moradores destas cidades já estavam praticamente acima dos 50 ou 60 anos. Já estavam se transformando em cidades fantasma. Este, é apenas um pequeno estudo, do que podemos esperar acontecer no Japão nos próximos 30 anos”, diz Sr. Tadaki, ex morador de Itatemura.

“O governo diz que será seguro voltar, mas nós não acreditamos nisso. Sabemos que a radiação é muito alta para que este lugar seja seguro. Talvez para aqueles entre nós que são idosos, isso não faz diferença, mas as crianças não deveriam ter que voltar… É irônico que o governo abriu escolas novas em outras partes da Cidade de Fukushima, onde a radiação é mais alta do que em regiões que evacuadas. Não há ordem oficial de evacuação para estas regiões, então nada é feito à respeito”, Sr. Watanabe, ex morador de Itate

Fábrica de Miso Abandonada  – Fukushima Um Ano Depois

“TEPCO nos paga ¥10 milhões  pelas nossas casas e outros ¥3milhões por pessoa. Mas este é o custo para simplesmente mudarmos para uma casa nova. Não há uma ação que leve em conta o fato de estarmos perdendo nossa renda por termos perdido nossos negócios”, comenta Sr. Harigaya, ex morador de Futaba.

Muitas cidades no município de Fukushima, possuíam grandes operações de criação de gado. Após o desastre, milhares de cabeças de gado foram sacrificadas ou abandonadas à morte. Alguns poucos fazendeiros empreendedores mantiveram seu gado vivo e compram ração com o dinheiro que cobram por, ilegalmente, entrar com jornalista na zona de exclusão. Para cada dia de visita são cobrados U$1.500 dólares. “Esta operação de criação de gado, possuía 1.000 animais. O dono conseguiu vender o gado para outros fazendeiros no Japão, ainda que o gado encontrado em outras [próximas] áreas já tenha sido constatado que estivesse contaminado por radiação. Estas cabeças de gado vendidas, não foram examinadas”, Sr. H.W. antigo morador de Itatemura.

Jeitos de Viver Perdidos  – Fukushima Um Ano Depois

Muitas casas estão trancadas, principalmente para dissuadir saques. Cortinas estão fechadas e olhar para dentro das casas é possível somente através de frestas nas janelas ou painéis de papel de arroz.

Agricultura é importante em Fukushima, celeiros e casas são abundantes – muitas ainda utilizam aquecedores e fornos tradicionais. Por medo da radiação produtos cultivados em Fukushima foram banidos e/ou evitados pelos consumidores. Camponeses freqüentemente sentem isso como injusto. “Menos de 1% de nossos produtos apresentam qualquer nível de radiação que seja acima dos limites prejudiciais à saúde”, diz Sr. Sato, camponês em Minamisoma. Este fato entre em conflito direto com muitos dos vizinhos, que duvidam das medições oficiais de radiação e exigem maior ação de TEPCO e do governo.

Muitas das casas abandonadas em Fukushima foram construídas metidas entre as colinas em aglomerados modestos. A maioria dos proprietários retorna a cada 2 meses para limpar e ordenar suas propriedades. “Eu quero que minha esposa e eu tenhamos um canto para morrer que seja nosso. Está é a razão pela qual voltamos, para deixar nossas coisas organizadas até lá”, comenta Sr. Yoshimura, ex residente de Namie.

Detalhes Esquecidos – Fukushima Um Ano Depois

O distrito de Soma, na Prefeitura de Fukushima é famoso pela criação de cavalos e a região é historicamente conhecida como um baluarte da tradição Samurai. Os dois fatos culminam cada ano, no mês de Julho, numa antiga corrida à cavalos chamada Soma-Namaoi. Se originou no começo do séculos X, quando guerreiros samurais, secretamente, iniciaram a prática de exercícios militares. Calendários nas paredes e decorações comemorando o evento são comuns nos lares da região, assim como a decoração Kabuto (capacetes), que expressam a esperança que cada menino na família cresça saudável e forte.

O Festival Japonês de Bonecas, ou Dia das Meninas (Hina Matsuri) foi realizado uma semana antes da catástrofe e em algumas casa abandonadas, as bonecas ainda estão à mostra. A tradição começou durante o período Heian, quando bonecas de palha eram colocadas em barcos boiando no rio, para descer até o mar. Enquanto flutuavam descendo o rio, absorviam problemas e espíritos maus, levando-os até o mar

Tanuki é um guaxinim japonês, malicioso e arteiro, metamórfico e um brincalhão bem humorado. Usa um chapéu para protege-lo dos problemas e seus olhos são bem abertos para ver tudo ao seu redor e tomar as melhores decisões. Ele anda com certa presunção, possui grandes testículos entre as pernas, uma garrafa de saque numa das mãos e uma nota promissória na outra.

“Tan Tan Tanuki no kintama wa, Kaze mo nai no ni, bura, bura…”

“Tan-tan-tan, as bolas de Tanuki badalam, O vento para de soprar, Mas elas balançam, balançam, balançam…”

O Desejo do Sr. Watanabe San – Fukushima Um Ano Depois

“Eu sei que não podemos viver lá em segurança, mesmo que o governo diz que sim. Muitos de nós ja aceitamos este fato”.

“Há alguma coisa que o Sr. gostaria que eu contasse para as pessoas quando eu mostrar minhas fotos?”

“Vivemos modestamente. Eu penso que a maioria das pessoas não sabe onde estamos, então acredito que seja difícil. Mas quem sabe, verão teu trabalho e se lembrarão de nós”.

Protestas Contra TEPCO – Fukushima Um Ano Depois

Estimado TEPCO,

Graças a TEPCO san,

Eu brinco Pachinko todas as noites,

Graças a TEPCO san,

Todas as noites eu derramo lagrimas num abrigo temporário

Obrigada, muito obrigada, TEPCO san!!!

jan smith | photography